Por Gabriel França
Pois é, maio está chegando e com ele, um dos maiores eventos da cidade chega junto. O Festival Amazonas de Ópera acontece pela 13ª vez em Manaus e esse ano foi orçado em R$ 5 milhões. Como nos anos anteriores, o festival vai tomar conta de toda a cidade, levando 30 apresentações de Ópera a diversos palcos de Manaus e em Novo Airão.
Longe de mim dizer o que deve ou não ser feito com o dinheiro do Governo, isso é muito distante da minha alçada e eu nem me meto nisso. Mas, cá entre nós, não posso negar que tenho minhas dúvidas sobre a necessidade do Festival na cidade e sobre a gana cultural desse projeto.
Ainda não entendo o motivo da inserção desse evento no nosso cenário. Uma das maiores qualidades do Festival (hoje em dia) é que a maioria dos profissionais que trabalham nele é local. Isso é um grande avanço para a valorização do profissional, mas me parece que daria no mesmo realizar um Festival de Boi na Alemanha, com 600 alemães dançando e falando português. É apoteótico, surpreendente e memorável (e cá entre nós, até um pouco bizarro), mas faz algum sentido?
Nosso povo amazonense é criado, pelo menos na maioria, ouvindo as mais diversas vertentes de boi, forrós, xotes, bregas e afins. Voltando pro Boi na Alemanha, isso é o mesmo que submeter os afilhados do Hitler a uma dose incessante, e talvez até irritante, de caboquice.
A Ópera é uma das maiores e mais imponentes representações da música, mas que infelizmente não tem nenhuma espécie de vínculo com a nossa cultura local. Dizer que a população se orgulha de ter um dos maiores festivais dessa vertente no país que gera sucesso de público, não quer dizer que eles se orgulham da qualidade ou do valor da música, ou mesmo que curtam a gloriosa Ópera.
Para falarmos de popularização da cultura, a aposta precisaria ser maior. Não a aposta do evento, essa já está bem gordinha, mas a aposta na Ópera. Eu reconheço e acho o máximo a ideia de introduzir a cultura mundial ao público local, mas precisamos perceber que não existe uma abertura fixa destinada a Ópera em Manaus, e que não é do interesse local produzir a Ópera. Inverter e transformar esse pensamento é popularizar. E é aqui que a porca torce o rabo, a giripoca pia e o gato tenta pular.
E mais uma vez, longe de mim dizer que eu sei o que deve ser feito, mas se estamos falando de popularização da cultura, da arte, da música, da Ópera, eu humildemente, ainda peço por mais.
Revisão: Larisse Neves
Pois é, maio está chegando e com ele, um dos maiores eventos da cidade chega junto. O Festival Amazonas de Ópera acontece pela 13ª vez em Manaus e esse ano foi orçado em R$ 5 milhões. Como nos anos anteriores, o festival vai tomar conta de toda a cidade, levando 30 apresentações de Ópera a diversos palcos de Manaus e em Novo Airão.
Longe de mim dizer o que deve ou não ser feito com o dinheiro do Governo, isso é muito distante da minha alçada e eu nem me meto nisso. Mas, cá entre nós, não posso negar que tenho minhas dúvidas sobre a necessidade do Festival na cidade e sobre a gana cultural desse projeto.
Ainda não entendo o motivo da inserção desse evento no nosso cenário. Uma das maiores qualidades do Festival (hoje em dia) é que a maioria dos profissionais que trabalham nele é local. Isso é um grande avanço para a valorização do profissional, mas me parece que daria no mesmo realizar um Festival de Boi na Alemanha, com 600 alemães dançando e falando português. É apoteótico, surpreendente e memorável (e cá entre nós, até um pouco bizarro), mas faz algum sentido?
Nosso povo amazonense é criado, pelo menos na maioria, ouvindo as mais diversas vertentes de boi, forrós, xotes, bregas e afins. Voltando pro Boi na Alemanha, isso é o mesmo que submeter os afilhados do Hitler a uma dose incessante, e talvez até irritante, de caboquice.
A Ópera é uma das maiores e mais imponentes representações da música, mas que infelizmente não tem nenhuma espécie de vínculo com a nossa cultura local. Dizer que a população se orgulha de ter um dos maiores festivais dessa vertente no país que gera sucesso de público, não quer dizer que eles se orgulham da qualidade ou do valor da música, ou mesmo que curtam a gloriosa Ópera.
Para falarmos de popularização da cultura, a aposta precisaria ser maior. Não a aposta do evento, essa já está bem gordinha, mas a aposta na Ópera. Eu reconheço e acho o máximo a ideia de introduzir a cultura mundial ao público local, mas precisamos perceber que não existe uma abertura fixa destinada a Ópera em Manaus, e que não é do interesse local produzir a Ópera. Inverter e transformar esse pensamento é popularizar. E é aqui que a porca torce o rabo, a giripoca pia e o gato tenta pular.
E mais uma vez, longe de mim dizer que eu sei o que deve ser feito, mas se estamos falando de popularização da cultura, da arte, da música, da Ópera, eu humildemente, ainda peço por mais.
Revisão: Larisse Neves
Fico passada com a habilidade incrivelmente incrível do Gabriel com as palavras. #invejinha
Ouvi dizer que vai ter uma sessão de mesa branca no festival com o Pavarotti como convidado especial para dar uma canja este ano, essa informação procede ?
Entendo o teu ponto de vista, porém creio que não devemos regionalizar tudo! Um pouco de cultura estrangeira não faz mal a ninguém, aliás, parte de nossa cultura sofre a sua influência. Entendo que você não seja a favor de um destaque exorbitante em relação a um evento que não traduz a sua cultura. No entanto, ópera é uma assunto universal e poder conhece-la só amplia os horizontes.