Por Renata Fitarony
Bateram o martelo! A usina foi para quem pagou mais! Quer dizer, neste caso não necessariamente, já que a empresa vencedora, que entrou no leilão aos 45 do segundo tempo, o que já é muito suspeito, está levando a energia de Belo Monte por R$77,9 o MW/hora, sendo que o governo tinha estabelecido previamente R$89 o MW/hora. Mas qualquer ação “mística” desse jeito não é mais surpresa para nação, já que as coisas aqui no país canarinho sempre ocorreram assim, não é?
Do pouco que sei e li sobre esta tão famigerada usina, o que eu penso é que tem muita coisa obscura por meio de tudo que o governo passa para a população. Exemplos são alguns dados que não batem com os dos especialistas, como o custo da obra, que o governo diz que será de aproximadamente R$19,6 bilhões, mas investidores estimam algo de até R$26 bilhões. Além disso, o MPF do Pará já ajuizou uma série de ações contra a construção da usina, apontando supostas irregularidades.
Sem contar que a corda parte sempre, e numa estranha coincidência, no lado do mais fraco, pobre, sem cascalho e mais uma série de adjetivos que referem à falta de recursos de grande parte da população brasileira. Se bem que este cabo de guerra chamado Belo Monte está bem acirrado e, para quem não sabe, já ocorre desde os anos 1970, quando começaram as primeiras prospecções a respeito do potencial de geração de energia da Bacia do Xingu e que já havia a previsão da construção de seis usinas na região, entre elas a Belo Monte. Neste puxa-puxa de quase 40 anos temos o governo segurando um lado da corda e, do outro lado, indígenas, ribeirinhos, ambientalistas e até algumas igrejas e analistas independentes.
Estudos da Eletronorte dizem que a água represada pela barragem será drenada por canais para o interior de Volta Grande, onde existem propriedades rurais que exploram o cacau e a pecuária, mas na avaliação dos indígenas e especialistas, com a redução do fluxo da água no Xingu, o rio Bacajá terá o seu nível reduzido e isso comprometerá muito a navegação e a pesca na região. Opa, acho que já estou ouvindo a corda querendo a arrebentar!
Fora isso, de acordo com técnicos, Belo Monte será hidrelétrica menos produtiva e mais cara. Embora tenha capacidade instalada de 11 mil MW, o que a tornará a segunda maior hidrelétrica do país, Belo Monte tem energia firme (que pode ser assegurada já prevendo os períodos de seca) de 4,4 mil MW, ou seja, 40% da capacidade. Na maior usina do país, a binacional Itaipu, que tem 14 mil MW de capacidade, a energia firme representa 61% da capacidade, 8,6 mil MW. Ah, esqueci de citar, mas a usina trata-se da segunda maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das principais bandeiras do governo Lula, atrás apenas do trem-bala entre São Paulo e Rio, orçado em R$ 34 bilhões.
Façam as suas apostas. A disputa está ferrenha. O que você acha? Quem vai ganhar este puxa-puxa no cabo de guerra Belo Monte, ou então, qual lado da corda vocês acham que vai arrebentar primeiro?
Revisão: Larisse Neves
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