Uma caminhada pela cidade


Por André "Baldo" Alves

Estava andando por Manaus esses dias pensando em um tema para postar no blog. Numa das minhas andanças descolei um machucado no dedão por causa de um maldito desnível no concreto da calçada que mais parecia um degrau. Então, cheguei em casa e pensei em falar sobre isso. Pessoas que topam o dedo na calçada? Não, não, meu garoto pirilampo. Vou lhes contar o que pensei durante um curto espaço de tempo entre a cadeira e meu notebook.

Que atire uma pedra quem nunca deu uma topada no meio da rua, tropeçou ou xingou a mãe da calçada por causa de um buraco ou qualquer outra irregularidade que possa ser encontrada? Imagine agora que você possua alguma limitação física quer seja um cadeirante, use muletas ou seja deficiente visual. E pode ficar pior... Você mora no Brasil, um lugar com muitas vagas de estacionamento para pessoas com alguma limitação e que ninguém sem identificação rouba sua vaga. A coisa muda, não é? (E falo assim porque gosto do meu país, e muito).

A acessibilidade está muito além de se construir uma rampa na entrada de um estabelecimento, afinal de contas, muitas das rampas que eu vejo não são pra qualquer Schwarzenegger. Pensar em acessibilidade é pensar em dar autonomia a pessoas que não encontram as mesmas facilidades de locomoção. Cadeirantes têm contas em bancos, têm de ir reclamar da cobrança abusiva na conta de luz, entre outras coisas que todo mundo tem. Quando se tem alguém para fazer isso para facilitar, ótimo. Mas, e quando não tem? Aí você pensa na internet que pouparia uns 3 centímetros de bíceps. Lembre que nem todo mundo tem acesso a ela. Sem falar em pessoas com deficiência visual.

O texto é curto e a discussão é longa. Ao escrever o texto pensei no quanto o assunto é discutido pela sociedade e a sua relevância para o cotidiano. O título do texto pode ser encarado como um dia para relaxar numa caminhada, porque você colabora com o meio ambiente e caminha até o trabalho, e para outros é um inferno. Não estou aqui para propor uma solução ou arrumar gente pra fazer uma passeata no meio da rua esburacada. Proponho a reflexão, e se você for roots mesmo, passe o dia com os olhos vendados, ou tente andar por aí com um pé só e me conte depois.

Revisão: Larisse Neves

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